Doando para uma só pessoa

Wilson Aureliano da Silva, agente de segurança do Bosque Fábio Barreto, é um doador de sangue fenotipado há 11 anos. Ele não sabe para quem vai o sangue que doa, mas ouviu falar que é uma mulher.

Wilson começou a doar em 1988, influenciado por seu pai e irmão, que também são doadores. No entanto, foi apenas em 2013 que ele descobriu ser compatível com uma paciente específica e passou a doar sangue três vezes por ano. “É muito gratificante doar sangue”, afirma. “Quando começa a chegar a data da doação, fico ansioso para vir ao Hemocentro e fazer minha parte”.

Fenotipagem –  Fenotipagem é a tipagem para outros sistemas de grupos sanguíneos que não o ABO e Rh que são os mais conhecidos.  Além desses dois, existem outros 42 grupos sanguíneos!

Para a maioria dos pacientes, esses outros grupos sanguíneos não impactam na transfusão, mas para os que recebem transfusões crônicas, como os portadores de anemia falciforme ou os que desenvolveram anticorpos, eles são fundamentais.

A fenotipagem reduz o número de reações transfusionais, prevenindo o aparecimento de anticorpos.

Para atender essa demanda o Hemocentro de Ribeirão Preto realiza a tipagem estendida de alguns doadores para outros grupos sanguíneos, como Kell, Duffy, Kidd e Ss.

Os doadores fenotipados são identificados por testes laboratoriais que analisam os grupos sanguíneos presentes em seu sangue. Uma vez identificados, esses doadores são cadastrados em um banco de dados especial e são chamados periodicamente para doar sangue.

O Hemocentro sempre envia mensagens para os doadores fenotipados, convidando para a doação. Se você é fenotipado e ainda não recebeu a mensagem, venha doar e retire sua carteirinha.

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Processo Seletivo para Bolsa de Especialização Médica

A Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto oferece:

Vaga: “BOLSA DE ESPECIALIZAÇÃO MÉDICA
Área: 01 (uma) vaga para área de Hemoterapia.
Inscrições: Exclusivamente via e-mail de 04/02/2025 a 21/02/2025.

EXIGÊNCIAS PARA INSCRIÇÃO
1 – Graduação em Medicina e Residência em Hematologia/Hemoterapia (adulto ou infantil) ou Oncologia Pediátrica*;
2 – Curriculum Vitae, com cópia dos comprovantes;
3 – 01 (uma) foto 3×4 recente;
4 – Cópia da Carteira de Registro Profissional (CRM) ou protocolo de solicitação de inscrição;
5 – Preenchimento da ficha de inscrição** (clique para baixar e imprimir) e cópia dos documentos pessoais declarados na ficha;
6 – Inscrições poderão ser realizadas através do envio dos documentos acima e ficha de inscrição preenchida para o e-mail: processoseletivo@hemocentro.fmrp.usp.br ;
7 – O candidato não poderá ter vínculo empregatício;
8 – Período integral com escala de revezamento, incluindo finais de semana e feriados. Carga horária: 60 horas semanais.
*A comprovação do término da Residência Médica será exigida no momento da admissão.
** Imprimir, preencher e enviar a folha digitalizada ou foto legível.

DURAÇÃO
A Bolsa terá validade de 01 ano podendo ser prorrogada a critério da Diretoria, com início a partir de 03/03/2025.

BOLSA DE ESTUDOS
Além do treinamento especializado de aperfeiçoamento, o bolsista terá direito, mensalmente, a uma Bolsa de Estudos com valor a ser fixado pela FUNDHERP.

PROCESSO SELETIVO
O processo seletivo será constituído de prova de conhecimentos específicos e análise de curriculum vitae.

Programa para avaliação escrita:

• Seleção de doadores de sangue;
• Coleta de bolsas de sangue total;
• Reações adversas à doação de sangue;
• Doação/transfusão autóloga;
• Grupos sanguíneos – ABO/Rh, Lewis, Ii, P, MNS, Kell, Duffy, Kidd;
• Processamento do sangue e produção de hemocomponentes;
• Modificação de hemocomponentes;
• Triagem laboratorial de doadores de sangue;
• Armazenamento de hemocomponentes;
• Testes pré-transfusionais;
• Transfusão de concentrado de hemácias, plaquetas e granulócitos, plasma e crioprecipitado;
• Uso clínico de hemocomponentes leucorreduzidos, lavados e irradiados;
• Uso clínico da albumina;
• Administração do sangue e componentes;
• Aférese para coleta de componentes;
• Aférese terapêutica;
• Complicações infecciosas e não-infecciosas da transfusão de sangue;
• Manejo da pessoa com doença falciforme, talassemia e coagulopatias hereditárias;
• Coleta, criopreservação, armazenamento e uso de células progenitoras hematopoéticas;
• Portaria de Consolidação no. 5 de 28/09/2017 – Anexo IV DO SANGUE, COMPONENTES E DERIVADOS e suas atualizações;
• Resolução – RDC ANVISA Nº 34, de 11 de junho de 2014 e suas atualizações;
• Instrução Normativa – IN N° 196, de 25 de novembro de 2022.

Prova de conhecimentos específicos:
Data: 25/02/2025 das 8:30 às 12:00h – Valor: 80 pontos
Local: HEMOCENTRO RP – Ribeirão Preto – SP
Rua Tenente Catão Roxo, 2501 – Ribeirão Preto – SP


Programa para avaliação de análise de curriculum vitae

Esquema de valorização de títulos – Valor: 20 pontos.
1. Cursos ou estágios realizados:
De extensão universitária, aperfeiçoamento técnico e estágios com duração igual ou superior a 06 (seis) meses.
Valor por curso 1,0
Máximo computável neste item 5,0

2. Especialização na área/área afim:
Valor por título 2,0
Máximo computável neste item 4,0

3. Atividades docentes/Monitoria:
Monitor de cadeira universitária 1,0
Máximo computável neste item 3,0

4. Trabalhos/capítulos:
a) Em revista indexada ou capítulo de livro:
Valor por trabalho/capítulo 1,0
Máximo computável neste item 4,0

b) Apresentados em congressos:
Valor por trabalho 0,5
Máximo computável neste item 2,0

5. Participação em Congressos, Simpósios, Conclaves, etc:
Valor por evento 0,2
Máximo computável neste item 2,0

Avaliação escrita: 80 pontos

Análise curriculum vitae: 20 pontos

Valor total: 100 pontos

Critério de Aprovação: nota total ≥ 50% do total de pontos (≥ 50 pontos).

Observação: A prova de conhecimentos específicos será feita somente se houver mais de 01 candidato; em caso de ser somente 01 candidato, será feita apenas a análise de curriculum.

Resultado do processo seletivo: 26/02/2025
Início das atividades: 03/03/2025

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Hemocentro RP abre vaga para Assessor de Garantia de Qualidade no NUTERA

Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP) contrata Assessor de Garantia de Qualidade de Produção para atuar na Gestão da Qualidade do Núcleo de Terapia Avançada (NUTERA), de acordo com as necessidades e demandas da FUNDHERP

Vaga: 01 (um) Assessor de Garantia de Qualidade de Produção

Exigências:

  • Graduação em Ciências Farmacêuticas, Engenharia de Produção, Ciências Biomédicas ou Biologia (condicionado ao currículo efetivamente realizado ou à pós-graduação lato sensu ou stricto sensu na área ou à experiência profissional na área de no mínimo 360 horas comprovada pelo Acervo Técnico, bem como qualquer outro documento que comprove a capacitação técnica para exercício da atividade, conforme resolução CFBio 227/2010);
  • Possuir Carteira de Registro Profissional do respectivo curso ou protocolo de inscrição;
  • Experiência mínima comprovada de 2 anos em Garantia da Qualidade na Indústria Farmacêutica, com amplo conhecimento em: 
  1. Processos de Gestão da Qualidade (Auditorias, Desvios, CAPAs, Gestão de Risco,   Gestão de Mudanças, indicadores);    
  2. Elaboração e Controle de Documentos (POPs, protocolos, metodologias, especificações, RPL, etc.); 
  3. Qualificação de Equipamentos; 
  4. Qualificação de Fornecedores; 
  5. Qualificação de Área Limpa (HVAC); 
  6. Validação de Processos;     
  7. Validação de Limpeza;
  8. Validação de Sistemas Computadorizados; 
  9. Liberação de Lote/Produto; 
  10. Assuntos Regulatórios; 
  11. Farmacovigilância; 
  12. Conhecimento das normas BPF/BPL/BPC, RDC 658/2022.
  • Idioma: Inglês fluente.

Critérios de seleção:

  • Fase I – Análise Curricular – eliminatória
  • Fase II – Entrevista – classificatória

O cargo será exercido em confiança, regido pelas normas da CLT, com carga horária de 40h semanais;
A empresa oferece salário compatível, vale alimentação, plano de saúde e seguro de vida.

 

Inscrições:

Enviar currículo documentado (com os comprovantes dos itens mencionados no currículo) no período de 23/01/2025 a 31/01/2025 para o e-mail: processoseletivo@hemocentro.fmrp.usp.br

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Doador estabelece meta de “12 doações de plaquetas por ano”

Paulo Henrique Alcade começou a doar sangue em 2002 e foi assim até 2005. Voltou a doar em 2015 e desde então não parou mais. No começo era doador de sangue total e depois de ser doador de plaquetas e já criou uma meta: “quero fazer 12 doações por ano”, Janeiro foi a primeira.

“Minha história com a doação de sangue durante uma campanha realizada, enquanto eu trabalhava no HC pela Faepa. Naquele momento, fui orientado a doar plaquetas em vez de sangue, pois havia uma necessidade maior. Aceitei prontamente e aproveitei para me cadastrar como doador de medula óssea. Desde então, tenho doado plaquetas regularmente”, explica.

“Houve períodos em que precisei me afastar devido a cirurgias, mas, sempre que possível, retorno às doações. Procuro realizá-las em meus dias de folga, o que me permite ter tempo suficiente para me recuperar”, explica. Ele já doou 28 vezes. Obrigado, Paulo Henrique.

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15 anos doando sangue

Marcel Vinicius, morador de Ribeirão Preto, doa sangue total há 15 anos e recentemente iniciou doações por aférese. “Decidi a doar sangue porque estava com boa saúde e desde então não parei mais. Me sinto bem compartilhando com quem precisa o que posso oferecer”.

Agrônomo, Marcel organiza sua agenda para acomodar as sessões de doação por aférese, que duram cerca de duas horas. Faz um ano que ele é doador por aférese, antes era doador de sangue total. Ele mantém esse compromisso regularmente, dedicando seu tempo e esforço para essa causa.

Doação – A doação de sangue é um ato crucial para salvar vidas e manter o funcionamento adequado do sistema de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,4% da população brasileira doa sangue, enquanto o ideal seria 2,4%. Este déficit ressalta a importância de doadores regulares como Marcel, que contribuem significativamente para suprir a demanda por sangue e seus componentes nos hospitais e centros de saúde.

Aférese – A aférese é um método de doação mais específico e eficiente em comparação à doação de sangue total. Neste processo, o sangue do doador passa por uma máquina que separa e coleta apenas os componentes necessários, como plaquetas ou plasma, devolvendo o restante ao organismo.

As vantagens da aférese incluem a possibilidade de doar com mais frequência, a coleta de uma quantidade maior de componentes específicos em uma única sessão e uma recuperação mais rápida para o doador. Essa técnica permite um aproveitamento otimizado da doação, beneficiando ainda mais pacientes que necessitam de componentes sanguíneos específicos.

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Prematuridade da filha fez Gefferson ser um doador de sangue

Em um cenário onde cada gota de sangue pode significar a diferença entre a vida e a morte, emerge a história inspiradora de Gefferson Araujo, um encanador de 35 anos, que transformou uma experiência pessoal angustiante em uma missão de salvar vidas.

Originário de Santa Helena, Goiás, Araujo, residente em Ribeirão Preto desde 2012, teve sua vida abalada em 2017. Sua filha, então recém-nascida prematura, foi internada no Hospital das Clínicas, necessitando urgentemente de transfusões sanguíneas. Este evento catalisador despertou em Gefferson a consciência sobre a importância vital da doação de sangue.

Desde então, Gefferson tornou-se um doador assíduo, com seu sangue O negativo – tipo raro e altamente demandado – salvando incontáveis vidas. Em 2022, ele elevou seu compromisso, tornando-se doador de aférese, um processo mais complexo que permite a doação de componentes sanguíneos específicos.

Dedicado à causa, Gefferson organiza suas doações em horários que não interferem com seu trabalho, garantindo que possa fazer a doação de sangue sem alterar suas responsabilidades profissionais. Sua última doação, realizada em 02/01/2025, pós feriado, é um testemunho de sua constância e comprometimento com a causa.

Pacientes – Logo após a doação, Gefferson foi levado até a sala de transfusão para poder ver e sentir o bem que ele estava fazendo naquele momento ao doar sangue. Foi um impacto. “Eu não imaginava tanta gente assim recebendo sangue. Estou muito feliz de saber que eu posso ajudar todas essas pessoas mesmo sem conhecê-las. Muito obrigado por me trazer aqui. Isso faz com que eu venha mais vezes doar.”

A jornada de Gefferson Araújo é um testemunho poderoso do impacto que um único indivíduo pode ter. Sua história não apenas ilustra a importância da doação de sangue, mas também serve como um chamado à ação para potenciais doadores.

Enquanto sua filha, agora uma saudável menina de 8 anos, brinca despreocupada em casa, Gefferson continua sua missão silenciosa, provando que das adversidades podem nascer os atos mais nobres do ser humano.

2024 – A rede Hemocentro realizou cerca de 95 mil transfusões de sangue e atendeu a mais de 130 hospitais.

Gefferson – Antes de encerrar é bom explicar, o Gefferson é com G.

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“Se posso ajudar alguém, por que não ajudar?”, diz doador de sangue e plaqueta

Roberto Bernardes dos Reis, natural de Carmo do Paranaíba, fez de Ribeirão Preto seu lar em 1990 e encontrou uma missão nobre e muito nobre. Como motorista do Hospital das Clínicas, ele expandiu seu vínculo com a saúde para além do expediente. Nas folgas, ele vai até ao Hemocentro, onde se tornou um doador regular desde 2010. Este ano, ele celebra 15 anos de dedicação à doação de sangue e aférese.

A motivação de Roberto para doar sangue surgiu de uma situação próxima. Quando um colega necessitou de uma cirurgia e precisou de transfusão, Roberto ofereceu ajuda. Desde então, sua filosofia de vida se cristalizou em uma frase: “Se posso ajudar alguém, por que não ajudar? Hoje eu preciso, amanhã posso precisar”. Esta mentalidade guia suas ações e inspira outros ao seu redor.

Há cinco anos, Roberto passou a realizar doações de plaquetas por aférese. Este método permite a coleta de componentes sanguíneos, como plaquetas ou plasma, enquanto devolve os demais elementos ao doador. A aférese possibilita doações mais frequentes e fornece produtos sanguíneos concentrados, para pacientes com necessidades, como aqueles em tratamento de câncer ou com distúrbios de coagulação.

O impacto da doação é tangível. Em sua visita ao hemocentro, ele doou 620 ml de plaquetas, um componente para a coagulação sanguínea. Sua dedicação salva vidas e inspira outros a seguirem seu exemplo. Em 2015, Roberto trouxe sua namorada para se juntar a essa causa, ampliando o círculo de doadores. Para ele, o ato de doar transcende o físico: “Me sinto bem espiritualmente saber que estou salvando uma vida. É importante.”

A doação de sangue serve como um pilar para o sistema de saúde, salvando vidas diariamente. O sangue doado é essencial em cirurgias, tratamentos de doenças, emergências e no apoio a pacientes com condições que afetam a produção de células sanguíneas. Cada doação tem o potencial de beneficiar três, quatro doadores. Em 2024, o Hemocentro realizou cerca de 95 mil transfusões de sangue. Se não fossem os doadores, isso simplesmente não existiria. Pense Nisso!

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Anvisa ratifica a segurança da terapia CAR-T produzida no Hemocentro de Ribeirão Preto em parceria com o Instituto Butantan e autoriza a sequência do Estudo Clínico CARTHEDRALL

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o relatório de segurança da primeira fase do Estudo Clínico CARTHEDRALL, com a Terapia Celular CAR-T produzida no Hemocentro de Ribeirão Preto em parceria com o Instituto Butantan, e autorizou a progressão para a segunda etapa. O parecer favorável foi divulgado oficialmente na quarta-feira (11/12), pela autoridade de saúde brasileira.

O Estudo Clínico CARTHEDRALL, financiado pelo Ministério da Saúde por meio do Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (PROCIS), visa tratar 81 pessoas com leucemia linfoide aguda de células B (LLA) ou linfoma não-Hodgkin de células B refratários, em cinco centros de referência brasileiros. O objetivo é verificar a segurança e eficácia das células CAR-T.

Na etapa inicial, os primeiros pacientes foram recrutados e tratados apenas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Segundo o Prof. Dr. Diego Villa Clé, coordenador do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) do Hemocentro de Ribeirão Preto, professor da FMRP-USP e investigador principal do Estudo CARTHEDRALL, “todos os pacientes tratados demonstraram resposta às células CAR-T, e o procedimento foi seguro. Não houve nenhum efeito colateral grave”.

A aprovação da Anvisa e liberação para a segunda fase do estudo, permite aos centros parceiros, Hospital das Clínicas da FMUSP, Beneficência Portuguesa, Hospital Sírio Libanês, sediados em São Paulo (SP), e Hospital de Clínicas de Campinas da UNICAMP (SP), também recrutar e tratar pacientes a partir de janeiro de 2025.

A meta é oferecer futuramente a terapia de forma gratuita no SUS (Sistema Único de Saúde). O Prof. Dr. Rodrigo Calado, diretor-presidente do Hemocentro de Ribeirão Preto e professor titular de Hematologia da FMRP-USP, explica que existem hoje tratamentos com as células CAR-T comercialmente no Brasil, mas que são inviáveis do ponto de vista econômico. “O nosso trabalho é fazer uma tecnologia completamente nacional para que esse tratamento seja acessível a todos os pacientes atendidos pelo SUS”.

Células CAR-T pioneiras na América Latina

Há quase uma década, o Hemocentro de Ribeirão Preto tem se dedicado às terapias celulares, apoiado pelo Centro de Terapia Celular (CTC-USP), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP e um Centro da USP. A tecnologia para a produção das células CAR-T foi desenvolvida na Instituição e, como resultado, o primeiro tratamento da América Latina foi realizado em Ribeirão Preto, em 2019. A parceria com o Instituto Butantan desde então permitiu que 20 pacientes com leucemia ou linfoma refratários fossem atendidos em caráter compassivo, com respostas superiores às terapias convencionais.

Os bons resultados iniciais permitiram a continuidade da iniciativa e a criação de uma parceria entre o Hemocentro de Ribeirão Preto, a USP e a Fundação Butantan, com apoio das agências de fomento FAPESP e CNPq, que resultou na construção do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) em Ribeirão Preto. A “fábrica de células” já está em operação e será responsável por atender à demanda dos pacientes.

A terapia com as células CAR-T consiste na modificação genética das células do sistema imune chamadas linfócitos, que circulam pela corrente sanguínea. Estes linfócitos são “treinados” em laboratório para reconhecerem um determinado alvo, e depois devolvidos na corrente sanguínea dos pacientes. O CAR-T atualmente produzido no Nutera é específico para combater um alvo chamado CD19, proteína presente somente na leucemia linfoide aguda de células B e no linfoma não Hodgkin de células B. Desta forma, esta imunoterapia não possui efetividade em outros tipos de câncer.

Saiba mais sobre o Estudo Clínico CARTHEDRALL no site: https://www.hemocentro.fmrp.usp.br/terapia/

Nutera amplia as fronteiras de pesquisa na área da saúde

Além da produção das células CAR-T anti-CD19 para o tratamento de leucemia e linfoma, o Nutera busca ampliar as pesquisas em novas terapias celulares. O foco é usar o próprio sistema imune para combater as doenças.

Em outubro deste ano, mais de R$ 7 milhões foram aprovados pelo CNPq para a realização de um estudo clínico com foco em doenças autoimunes. O projeto que irá tratar pacientes com lupus eritematoso sistêmico com as células CAR-T, foi aprovado com a maior nota dentre os participantes da chamada “Genômica e Saúde Pública de Precisão”, promovida pelo CNPq, Genomas Brasil, Ministério da Saúde e Governo Federal, e deve ter início nos próximos anos.

Os pacientes serão tratados em duas instituições, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), com a coordenação da Profa. Dra. Maria Carolina de Oliveira Rodrigues e do Prof. Dr. Paulo Louzada Junior, e o Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP), pela Profa. Dra. Eloisa Bonfá e Dra. Luciana Seguro.

Conforme o Prof. Dr. Diego Clé, este deve ser o início de um novo horizonte para a terapia celular, que poderá ser usada para combater outras doenças, como as autoimunes, e não só o câncer. “Pode ser um grande avanço para a medicina brasileira.”

A utilização de outras células do sistema imune no combate às doenças também é bastante promissora. As células NK (Natural Killer), por exemplo, uma potente arma do nosso organismo para combater infecções e ameaças, têm o potencial de causar menos reações que os linfócitos T (utilizados na produção do CAR-T), além de possibilitarem a doação por pessoas saudáveis.

Estudos com a produção de células CAR-NK (modificação genética das células NK para combater um determinado alvo) estão avançados no Hemocentro de Ribeirão Preto. A Dra. Virgínia Picanço e Castro, coordenadora técnico-científica da Instituição, explica que o uso das células CAR-NK deve impactar positivamente os pacientes que não podem esperar a manufatura das células CAR-T, pois já estão muito doentes ou não têm células T saudáveis.

“Ao concluir o projeto, almejamos criar um produto clinicamente aplicável, contribuindo para o avanço da pesquisa em terapias celulares e oferecendo novas perspectivas no tratamento de leucemias e linfomas. Em resumo, desenvolver a terapia com células CAR-NK representa uma abordagem promissora para o tratamento do câncer, com vantagens potenciais em termos de segurança, eficácia e acessibilidade”, destaca a Dra. Virgínia.

O Hemocentro de Ribeirão Preto vai receber um aporte de quase R$ 50 milhões para o desenvolvimento da terapia com as células CAR-NK, voltada para o tratamento do câncer, por meio do edital “Mais Inovação Brasil” apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Finep e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Podemos considerar o investimento em pesquisa e inovação, nesta indústria, como estratégico para o desenvolvimento e independência do país no setor. Tornando nosso parque fabril relevante e competitivo em relação às nações mais desenvolvidas na produção desses medicamentos e terapias.

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Hemorrede de São Paulo: história de sucesso que não pode ser negligenciada

A criação da Hemorrede do Estado de São Paulo, na década de 1980, mudou a história do sangue transfundido aos pacientes do SUS, oferecendo bolsas e hemoderivados da mais alta qualidade e segurança, comparável à Europa e aos EUA. Essa conquista precisa ser reconhecida e não pode ser perdida. Nos últimos anos, a Hemorrede vem sofrendo com a estagnação de seu financiamento. Enquanto boa parte dos insumos para a produção de bolsas de sangue seguras é importada, o real vem se desvalorizando. A conta não fecha e pode comprometer o atendimento aos pacientes.

Nos anos 1980, epidemias de doenças transmitidas pela transfusão de sangue, como a aids e a hepatite C, impuseram uma mudança radical na qualidade das transfusões, sendo estruturada a Hemorrede paulista, composta com seus hemocentros, núcleos e agências. Naquela época, o governo do Estado criou os hemocentros diretamente ligados às melhores universidades da América Latina: USP (São Paulo e Ribeirão Preto), Unicamp (Campinas) e Unesp (Botucatu), além das faculdades de Medicina de Marília e São José do Rio Preto.

Essa articulação foi o segredo para dar qualidade médica e científica à transfusão de sangue e segurança na produção de bolsas de sangue, com a implementação de ações que garantem sua qualidade. Primeiro, a capacitação de profissionais desde a coleta do sangue dos doadores, passando pelo laboratório, enfermeiros e médicos, até o profissional que acompanha a transfusão no paciente. Como exemplo, foram criados dois mestrados profissionais reconhecidos pela Capes e somente no Estado de São Paulo, ligados aos hemocentros e às universidades.

Segundo, trouxe a ciência das universidades para inovar no desenvolvimento tecnológico do sangue: foram produzidos kits sorológicos, testes moleculares para detecção de doenças, novos métodos de tipagem do sangue. Também foram implementados novos e rígidos protocolos de segurança, como a certificação de qualidade e protocolos de transfusão. O conjunto dessas ações vem garantindo a segurança das transfusões no Estado ao longo de quase 40 anos. Não há notícia, na Hemorrede paulista, de contaminações por transfusão por negligência ou imperícia. Isso se deve à qualidade da triagem de doadores e dos testes realizados nos hemocentros públicos, que não terceirizam suas atividades. Pelo contrário, a Hemorrede pública mantém extremo rigor e controle em todas as etapas do processo de controle do sangue.

Atualmente, são fornecidas pela Hemorrede bolsas de sangue e hemoderivados de qualidade para os pacientes do SUS em cerca de 300 hospitais. Em 2023, foram mais de 270 mil bolsas de sangue produzidas para transfusão. Os números são impressionantes e sem-par, mesmo em outros países, para uma estrutura tão enxuta. São Paulo tornou-se modelo em hemoterapia no Brasil.

A Hemorrede continua crescendo e se beneficiando de sua ligação umbilical com as universidades estaduais paulistas, que permitiu a criação de centros avançados de transplante de medula óssea em hospitais públicos, a tipagem de doadores de órgãos para transplantes com a mais alta segurança, banco público de sangue de cordão umbilical para transplantes, terapia gênica para hemofilias e, mais recentemente, a terapia celular avançada (células CAR-T) contra o câncer para pacientes do SUS.

A criação da Hemorrede transformou não apenas aspectos técnicos e científicos, mas também a gestão e a lógica do financiamento público, coibindo transfusões desnecessárias, sem indicação médica, ao ressarcir os hemocentros pela coleta e processamento de sangue e não mais por sua transfusão. Essa mudança, gestada em São Paulo e adotada pelo Ministério da Saúde para todo o País, foi estratégica para implementar políticas de transfusões cautelosas e baseadas especificamente no seu benefício médico, sem vieses econômicos. Ainda há aspectos de gestão a serem aprimorados, como a ampliação de transfusões ambulatoriais, ou seja, aquelas em que o paciente não precisa de internação para receber a transfusão, desafogando leitos hospitalares e unidades de pronto-socorro.

Apesar dos avanços, a Hemorrede enfrenta desafios contínuos. A manutenção de estoques adequados de sangue, principalmente em períodos de baixa doação, é problema a ser superado com melhores estratégias de captação de doadores. A gestão dos estoques articula-se diretamente com redução para o mínimo do descarte de bolsas não transfundidas. Adicionalmente, novos surtos e epidemias de doenças infecciosas que podem ser transmitidas pelo sangue impõem mudanças rápidas e novas metodologias de triagem e testagem do sangue doado.

Mais preocupante é o financiamento da Hemorrede paulista, que está estagnado nos últimos anos enquanto boa parte dos insumos é precificada em moeda estrangeira. Para manter a estrutura existente e a qualidade do sangue e implementar expansões e novas tecnologias, a recomposição e novos investimentos são imprescindíveis. Essa é uma história de sucesso de política de saúde pública do SUS que não pode ser negligenciada.

(Artigo publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo, em 4/12/24)

* Cláudio L. Miranda, diretor técnico do Hemocentro de Botucatu da Unesp; Renata B. Cardoso, diretora do Hemocentro de Marília; e Octavio Ricci Junior, diretor administrativo do Hemocentro de São José do Rio Preto

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Parceria inédita entre Brasil e França desenvolve pesquisa que combate o linfoma no cérebro

USP e o Hemocentro de Ribeirão Preto firmaram uma parceria inédita com o Institut Curie (França) para compartilhar conhecimentos e tecnologia no tratamento de pessoas afetadas por um tipo de linfoma que atinge o cérebro. O projeto planeja tratar cerca de 20 pacientes brasileiros e franceses a partir de 2026.

“Essa é uma ferramenta desenvolvida inicialmente aqui no laboratório de Paris e que nós vamos complementar com as habilidades e a expertises que nós temos na produção de células na USP em Ribeirão”, destacou em entrevista para a Rádio França Internacional (RFI) o Prof. Dr. Rodrigo Calado, diretor presidente executivo da Fundação Hemocentro RP.

Segundo o Prof. Dr. Diego Clé, coordenador do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera RP), também presente na delegação que esteve em Paris para uma semana de intercâmbio científico entre os dias 18 e 22/11, “Desenvolvemos algumas terapias usando as células CAR-T, que foi a pioneira no Brasil para tratamento de leucemia e linfomas. E aqui, eles desenvolvem uma terapia para outro tipo de linfoma. Surgiu essa oportunidade de combinarmos esforços em uma colaboração, em um projeto único de pesquisa científica para tratar pacientes com esse tipo de ferramenta terapêutica”.

A pesquisadora do Institut Curie e diretora médica da unidade de pesquisa celular oncológica (CellAction), Marion Alcantara, afirmou a equipe da RFI que o objetivo da parceria é construir em conjunto um ensaio clínico para tratar pacientes com linfoma cerebral primário que tiveram reincidência após uma primeira opção de terapia. A cientista francesa esteve no Brasil em junho deste ano, conheceu a infraestrutura do Hemocentro RP e ministrou uma palestra na ocasião.

Confira a reportagem completa no link: https://rfi.my/BCKU

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